segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Temporada Pré-GEO


Jomar Mesquita com a bailarina Michele Molina
durante ensaio de Mamihlapinatapai
Prestes a apresentar o 1º Ateliê de Coreógrafos Brasileiros, nos dias 12 e 13 de dezembro, às 21h, no Teatro GEO, a equipe da São Paulo Companhia de Dança segue com a adrenalina típica de quem aguarda ansiosamente a chegada da data de apresentação de seu primeiro espetáculo. Não é por menos. Afinal, são três novas coreografias, que integrarão o repertório da SPCD a partir destas datas. São elas, Pormenores, Azougue e Mamihlapinatapai. Os responsáveis por criar e dar vida a estas obras são os coreógrafos Alex Neoral, Rui Moreira e Jomar Mesquita, respectivamente.
Michelle Molina em ensaio de Mamihlapinatapai

“Eu já conhecia a excelência técnica dos bailarinos da SPCD, mas não imaginava que fosse tão fácil trabalhar com eles. Primeiro porque a linguagem a qual a gente propôs é totalmente diferente do universo clássico que eles estão inseridos”, comenta Mesquita, que assina a obra Mamihlapinatapai. “É muito bom ver a maneira como eles estão dispostos, o tempo todo, a fazer e a experimentar, disponíveis e motivados a trabalhar. Isso faz com que o processo fique mais gostoso pra gente também”, diz. A obra baseia-se na relação intensa de um homem e uma mulher, que não se concretiza por falta da iniciativa de ambos.


A violonista Soraya Landim fará participação ao vivo
em Pormenores, de Alex Neoral; ao fundo, os bailarinos
Ana Paula Camargo e Samuel Kavalerski
Assim como Mamihlapinatapai, cada coreografia apresenta um universo diferente da dança proposto pelos artistas, o que evidencia a versatilidade dos bailarinos da Companhia. “Os bailarinos possuem uma linguagem corporal muito diversa, isso facilita muito para o criador. Eles têm um preparo de organização, disponibilidade para experimentar o novo, o que me deixou muito tocado e feliz com o processo”, comenta Rui Moreira, que assina Azougue. Nela, Moreira apresenta características da cultura afro-brasileira. “Escolhi uma trilha que remete à afro brasilidade traduzida pela sonoridade dos tambores advindos do continente africano, que podemos reconhecê-los também dentro de algumas manifestações brasileiras de berço, como o maracatu”, explica. 
Samuel Kavalerski e Ana Paula Camargo
durante ensaio de Pormenores
Em Pormenores, Alex Neoral constrói um trabalho baseado nos detalhes dos movimentos O pas de deux se consolida como uma característica forte da montagem. “Nesta obra, trabalhamos com duos, as alavancas e seus desencadeamentos, uma característica que resultou numa peça que fala muito do ‘dois’, desse contraponto de duas pessoas em uma”, explica Neoral. “É uma honra saber que meu nome consta na lista de coreógrafos brasileiros da SPCD, ao lado de nomes como o de Rodrigo Pederneiras”, conclui.

Yoshi Suzuki e Rafael Gomes durante o ensaio de Azougue



Características da cultura afro brasileira estão presentes
em Azougue, de Rui Moreira
Os ingressos para o 1º Ateliê de Coreógrafos Brasileiros podem ser adquiridos no site www.showcard.com.br. Os valores vão de R$ 5 (meia entrada) a R$ 10 (inteira).













Por Bruno Alves, de São Paulo 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Um solo para Soraya


A violinista Soraya Landim durante ensaio realizado na SPCD;
ao fundo, os bailarinos Thais de Assis e Nielson Souza

Os detalhes dos movimentos são o ponto-chave da obra Pormenores, criada pelo coreógrafo Alex Neoral para a São Paulo Companhia de Dança como parte do programa Ateliê de Coreógrafos Brasileiros, com estreia marcada para os dias 12 e 13 de dezembro, às 21h, no Teatro GEO. Pormenores é uma obra intimista marcada pela intensidade dos duos, ou pas de deux, uma característica forte do trabalho de Neoral, que utilizou para a trilha sonora dois concertos para violino solo de J. S. Bach (1685-1750): Andante da Sonata nº2 e Sarabande da Partita nº1. A responsável por dar vida a estes clássicos no espetáculo é a violinista Soraya Landim, que esteve esta semana na São Paulo Companhia de Dança para acertar os últimos detalhes de sua participação.

Samuel Kavalerski e Ana Paula Camargo dançam a coreografia
Pormenores, de Alex Neoral

“É a primeira vez que executo um trabalho solo no violino em meio aos bailarinos. A linguagem é diferente e ao mesmo tempo instigante, porque estou aprendendo muito com eles e tentando fazer esta fusão do meu trabalho com a dança”, conta Soraya. “Andante da Sonata nº2 e Sarabande da Partita nº1, de Bach, são peças do repertório clássico. É interessante executá-las e, ao mesmo tempo, assistir aos bailarinos interpretando as obras barrocas num formato contemporâneo”, diverte-se.
“A intenção da coreografia é que ela toque e emocione a plateia por meio do movimento feito por dois corpos que estão unidos”, explica Neoral.  “É como se o público fosse um voyer. A entrada da música ao vivo auxiliará na transmissão dessa atmosfera mais intimista”, conclui. O convite de Soraya para participar ao vivo do espetáculo partiu de Inês Bogéa, diretora artística da SPCD, que é mantida pelo Governo do Estado de São Paulo. “Já conhecia o trabalho da Companhia e sabia da credibilidade de seus trabalhos. Porém, fiquei impressionada durante o processo de como cada detalhe é levado a sério. O nível da dança por meio do balé do Estado é realmente admirável”, elogia.
A violinista acerta os últimos detalhes de sua apresentação
Os ingressos para o espetáculo do Ateliê de Coreógrafos Brasileiros no Teatro GEO já estão à venda e disponíveis no site www.showcard.com.br. Além de Pormenores, de Alex Neoral, serão apresentadas também as obras Azougue, de Rui Moreira, e uma coreografia de Jomar Mesquita ainda sem nome definido. A obra Bachiana nº1, de Rodrigo Pederneiras, que estreou no 1º semestre deste ano, fecha a programação do espetáculo.
Em cena, os bailarinos Ana Paula Camargo, Nielson Souza, Samuel Kavalerski e Thais de Assis
dançam as obras de J.S. Bach para violino solo

Por Bruno Alves, de São Paulo

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A dança por trás das lentes

Evaldo Mocarzel, diretor dos filmes Quebradeiras, À Margem do Lixo, Cuba Libre, Encontro das Águas e outros títulos que engordam seu currículo, recebeu convidados, amigos e parceiros ontem, na sala 6 do Espaço Itaú de Cinema do Shopping Frei Caneca, durante pré-estreia do documentário São Paulo Companhia de Dança. O filme entra em cartaz no próximo dia 23 e conta a história dos primórdios da Companhia, em 2008, narrado por uma sucessão de imagens sem diálogos nem entrevistas, partindo da ideia de que a arte dos movimentos fala por si só. Antes da exibição, Mocarzel proferiu algumas palavras seguido da diretora artística da SPCD, Inês Bogéa, que destacou sobre a importância do filme para a Cia. e a paixão pela dança compartilhada por ela e pelo diretor. 
Inês Bogéa, diretora da SPCD, e Evaldo Mocarzel
durante o discurso de abertura

“O Evaldo procurou a Companhia para conversar sobre algumas ideias que ele tinha sobre a dança, uma paixão comprimida que ele ansiava em compartilhar com o público. Cinco anos depois nós o convidamos para um novo trabalho, a direção do Canteiro de Obras 2012, uma linguagem experimental dessa arte que fascina e move nós dois”, comenta Inês sobre o novo projeto do diretor, Ensaio Sobre o Movimento e tem estreia marcada para o dia 15 de dezembro, às 2h, na madrugada de sábado para domingo, na TV Cultura. “Nesse segundo trabalho procuramos reproduzir frases coreográficas do clássico ao contemporâneo, pinçadas pela Inês (Bogéa). Além disso, colocamos os bailarinos para criar movimentos nos arranha-céus e nos topos de edifícios para associar a imagem da Companhia com a da cidade”, explica Mocarzel sobre o novo projeto, com trailer exibido antes do filme.
Após o discurso de abertura, deu-se início à sessão. Durante os 71 minutos de exibição do São Paulo Companhia de Dança o público pôde conhecer o processo de nascimento e construção de uma coreografia, os anseios, receios, superação, descontração e a árdua rotina de trabalho dos bailarinos da São Paulo para alcançar o resultado almejado, no qual o corpo é instrumento de trabalho e a própria obra. A palavra é meramente acidental no documentário, que desconstrói a obra Polígono (2008), de Alessio Silvestrin, a primeira criação coreográfica da companhia, com imagens dos ensaios das aulas de balé clássico e dança moderna.
Bailarinos da SPCD aguardavam o início da sessão

“Achei que fosse um documentário específico sobre balé clássico. Conheço pouco o balé contemporâneo e fiquei muito interessada. O filme realmente não precisa de palavras, pois a dança fala por si só. Eu sou apaixonada”, conta a aluna de balé Tereza Leal, 14, da Studio K. A turismóloga Maria José Giaretta compareceu na pré-estreia para agregar um material novo à sua tese de doutorado em ciências sociais com pesquisa em turismo, cultura e dança. “O documentário revela muito os bastidores da dança, que pouca gente conhece”, comenta Maria José. “É muito bacana perceber o casamento da linguagem do corpo com o movimento e a loucura da cidade”, complementa a turismóloga, sobre o trailer de Ensaio Sobre o Movimento.

Por Bruno Alves, de São Paulo

terça-feira, 13 de novembro de 2012

CEU de crianças



Alunos do ensino fundamental foram o
principal público

O teatro do CEU Tiquatira ficou pequeno para a quantidade de crianças e alunos de escolas da rede municipal e estadual de ensino, que estiveram por lá para participar do Espetáculo Aberto Para Estudantes, promovido pela São Paulo Companhia de Dança, no último dia 12, às 15h. Na ocasião, os pequenos puderam conferir as coreografias de Dois a Dois (Grand Pas de Deux de O Quebra Nozes, de Marius Petipa e Lev Ivanov, e Grand Pas de Deux de Dom Quixote, de Petipa); Gnawa (Pas de Deux), de Nacho Duato; e Ballet 101, de Eric Gauthier. Entre o intervalo das coreografias, foi exibido o vídeo Vida de Bailarino, abordando o cotidiano dos bailarinos da Companhia seguido de uma interação educativa ministrada por Inês Bogéa, diretora artística da SPCD.


Animação e ansiedade momentos
antes da apresentação

A performance dos bailarinos surpreendeu e inspirou as crianças após o espetáculo




"O espetáculo é lindo! Eu gostei de tudo principalmente do Dom Quixote. Nesta coreografia, os bailarinos fizeram movimentos diferentes e estavam supersincronizados”, comenta Poliana Teixeira, aluna da Escola Estadual Sérgio da Costa. O Grand Pas de Deux de Dom Quixote, foi protagonizado pelos bailarinos Thamiris Prata e Norton Fantinel. Além deles, Karina Moreira e Yoshi Suzuki, encenaram o Grand Pas de Deux de O Quebra-Nozes, Paula Penachio e Ed Louzardo o pas de deux de Gnawa e, para fechar, Diego de Paula dançou o Ballet 101


Yoshi Suzuki e Karina Moreira em cena de Dois a Dois
(Grand Pas de Deux de O Quebra Nozes)

Norton Fantinel e Thamiris Prata encenaram o Grand Pas de Deux de Dom Quixote




A diretora da Cia., Inês Bogéa, ministrou uma atividade interativa com os alunos


No fim da apresentação, Inês Bogéa, acompanhada dos bailarinos, abriu espaço para perguntas do público. O espetáculo surpreendeu os menores, que chegaram a questionar até se os bailarinos eram de verdade. “O espetáculo é espetacular!”, exclamou a professora Jandiara de Lima Bugan numa proposital redundância. “Eles nem piscaram e chegaram a perguntar até se os bailarinos eram de verdade. Foi necessário chamá-los novamente para eles conferirem de perto. Foi muito divertido”, conclui.


Ed Louzardo e Paula Penachio durante o pas de deux de Gnawa

Diego de Paula em Ballet 101, de Eric Gauthier


Por Bruno Alves, de São Paulo 


SPCD no SESC Santos


O público ocupou os 760 lugares do SESC Santos

Foram quatro dias de espetáculos, atividades educativas, oficinas e, claro, muita correria entre os dias 7 e 10 de novembro nos corredores do SESC Santos, local onde a São Paulo Companhia de Dança desembarcou pela quarta vez, agora para apresentar as obras In The Middle, Somewhat Elevated, de William Forsythe; Dois a Dois (Grand Pas de Deux de O Quebra-Nozes, de Marius Petipa e Lev Ivanov, e Grand Pas de Deux de Dom Quixote, de Petipa); e Sechs Tänze, de Jirí Kilián. Entre as atividades, destaque para a Palestra Para o Professor, ministrada pela diretora artística da Companhia, Inês Bogéa; o Espetáculo Aberto Para Estudantes e as Oficinas Para Bailarinos (Técnica de Balé Clássico e Repertório em Movimento).

A diretora da SPCD, Inês Bogéa, durante
a Palestra Para o Professor

A Palestra Para o Professor, na quarta, 7, reuniu educadores e profissionais da dança no auditório do SESC para assistir ao documentário Vida de Bailarino, no qual os participantes conhecem um pouco sobre o cotidiano dos artistas da Companhia. “Achei muito interessante o trabalho da SPCD. A palestra nos direciona a trabalhar em sala de aula as profissões dentro da linguagem artística, principalmente no Ensino Médio”, conta a professora de artes Gislaine Veiga do Nascimento. “O tema do vídeo Vida de Bailarino é muito comum para nós, que vivemos da dança. Nos identificamos ao assisti-lo, pois os problemas vividos por bailarinos profissionais são os mesmos que os bailarinos das escolas de dança”, complementa a diretora artística da Cia. de Dança da Sinfônica de Cubatão, Vanessa Toledo.

Na Palestra, professores e educadores aprenderam como a dança
pode ser utilizada como elemento educativo

Na sexta, 9, as atividades prosseguiram com o Espetáculo Aberto Para Estudantes, que contou com, aproximadamente, 500 pessoas. Entre elas, crianças, professores e entusiastas, que conferiram a performance dos bailarinos encenando as obras Dois a Dois, de Marius Petipa; e Sechs Tänze, de Jirí Kilián. Logo mais, às 21h, o espetáculo seguiu com os dois balés acrescidos de In The Middle, Somewhat Elevated, de William Forsythe. “O espetáculo é maravilhoso. É incrível como as crianças ficam encantadas com ele. Todas as escolas deveriam participar desta atividade”, sugere Maria José Ramos da Silva, coordenadora da Escola Municipal Numaa, de São Vicente.

Aproximadamente, 500 pessoas participaram
do Espetáculo Aberto Prara Estudantes

Atividade interativa com alunos durante o Espetáculo Para Estudantes 

O professor José Ricardo Tomaselli ensina
alunos na Oficina Para Bailarinos - Técnica em Balé Clássico

A procura de alunos e aspirantes a dançarinos para participar da Oficina Para Bailarinos (Técnica de Balé Clássico e Repertório em Movimento) foi tamanha, que a SPCD resolveu abrir duas oficinas extras no período da tarde para dar conta da demanda. Foram quase 200 inscritos para as quatro aulas, ministradas pelo professor José Ricardo Tomaselli e pela ensaiadora Ana Tereza Gonzaga. “Essa acão educativa é incrível, pois as crianças tiveram a oportunidade de entrar em contato com uma companhia profissional e experimentar sequências coreográficas assinadas por grandes coreógrafos, consequentemente formando plateias, o que é importantíssimo”, comenta Dionée Mello, coordenadora de dança do projeto Jepom e professora do Studio de Dança Aracy de Almeida. “As meninas do projeto Jepom vivem em estado de vulnerabilidade social e jamais imaginaram que pudessem participar disso”, emociona-se. À noite, todos os 760 lugares do SESC foram ocupados para mais uma sessão do espetáculo. Os ingressos se esgotaram.

Na oficina de Repertório em Movimento, alunos
aprendem a coreografia de Gnawa, de Nacho Duato



Ingressos esgotados no último dia apresentação


Por Bruno Alves, de São Paulo

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Ismael Ivo na quinta temporada do Figuras da Dança


Foto: Acervo Ismael Ivo

         O multifacetado Ismael Ivo (1955) carrega em seu currículo as funções de criador, diretor, coreógrafo e curador. Nascido em São Paulo mudou-se para Nova York em 1983 e, no mesmo ano, foi convidado para fazer parte da companhia junior do Alvin Ailey Dancer Center. No ano seguinte, tomou o rumo da Europa, onde criou o Impuls Tanz – Vienna International Dance Festival, tornando-se anos depois o diretor do festival de dança da Bienal de Veneza. Dirigiu a Companhia de Dança do Teatro Nacional Alemão, em Weimar, de 1996 a 2000, e destaca-se como um dos grandes nomes da dança no Brasil. O Figuras da Dança com Ismael Ivo vai ao ar na madrugada deste sábado para domingo, às 2h, na TV Cultura, com direção de Inês Bogéa.
         A série, nascida em 2008 junto a São Paulo Companhia de Dança, chega à sua quinta temporada trazendo além de Lia, a trajetória de mais três personagens, entre eles Marilene Martins, Edson Claro e Ismael Ivo. “Com as séries podemos construir um mapa da dança no Brasil e, ao mesmo tempo, revelar histórias sobre personagens emblemáticos dessa arte”, pontua a diretora artística da SPCD, Inês Bogéa. “Desde 2008 já produzimos 21 documentários e as exibições na TV Cultura nos proporcionam dividir essas histórias com o público”, conclui. 


Um olhar sobre a Bahia        

Foto: Silvio Robatto

         A paulistana Lia Robatto lançou um olhar diferente para a Bahia quando escolheu Salvador como habitat para exercer seu ofício e levar sua arte, à princípio, como assistente de Yanka Rudzka (1916-2008) na UFBA (Universidade Federal da Bahia), onde também atuou como professora e bailarina. Formada pela Escola Municipal de Bailado, Lia criou grupos e incentivou movimentos que ajudaram no desenvolvimento da dança local, como o GED (Grupo Experimental de Dança) e a Escola de Iniciação Artística.
         Pela sua contribuição e ousadia artística, tornou-se integrante do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, em 2000, e, em 2012, personagem da quinta temporada da série Figuras da Dança 2012, com direção de Inês Bogéa, que exibiu na madrugada do último sábado para domingo a trajetória de vida da artista, na TV Cultura.
         “O livro, a música, as artes visuais, permanecem materialmente no tempo, o teatro por meio da sua dramaturgia. A dança, pela própria natureza que é o movimento, não dispõe desses elementos sólidos”, comenta a coreógrafa e jornalista Lia Robatto, sobre a importância da série. “É muito gratificante ser reconhecida por uma arte efêmera como a dança. Fiquei muito sensibilizada de reencontrar pessoas que colaboraram comigo dando depoimentos que me colocaram numa relevância que afetivamente me tocou muito”, emociona-se.

Por Bruno Alves, de São Paulo


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Prestígio paulistano

“Estudei balé clássico um bom tempo e posso dizer que tenho uma queda por esta dança. Amei a primeira coreografia (Dois a Dois), mas as outras também foram magníficas... Tudo muito lindo”, declara a dona de casa Marina Vieira de Barros ao sair do teatro do Club Athletico Paulistano, palco do espetáculo apresentado pela São Paulo Companhia de Dança aos associados na última quarta, 31. Foi a terceira vez que a Companhia se apresentou no clube.


Banner da SPCD no hall do teatro
 do Club Athletico Paulistano

Marina refere-se à coreografia Dois a Dois (Grand Pas de Deux de O Quebra-Nozes e Grand Pas de Deux de Dom Quixote), que agradou os sócios do clube não só pela tradição da coreografia, mas também pelo histórico do autor Marius Petipa (1818-1910), conhecido por criar icônicas obras do balé clássico respeitadas em todo o mundo, como A Bela Adormecida e O Lago dos Cisnes, só para citar algumas. 


Diego de Paula e Luiza Lopes dançaram Dois a Dois
 (Grand Pas de Deux de O Quebra-Nozes) | Foto: Silvia Machado











O Quebra-Nozes dançado ontem por Luiza Lopes e Diego de Paula,  foi remontado para a SPCD pelas mãos de Tatiana Leskova, mais conhecida como Dona Tânia, que, em plena forma, trouxe seu talento à Companhia e ensinou a coreografia aos bailarinos solistas. “Com quase 90 anos, Dona Tânia, uma das figuras mais importantes da dança brasileira, veio à SPCD e orientou nossos bailarinos, ensinando-os toda a coreografia dos grands pas de deux vistos esta noite”, contou à plateia Inês Bogéa, diretora artística da São Paulo, durante o intervalo entre as coreografias de Ballet 101, de Eric Gauthier, dançado por Yoshi Suzuki, e Bachiana nº 1, de Rodrigo Pederneiras. O grand pas de deux de Dom Quixote foi remontado para a SPCD pelo professor da companhia, Manoel Francisco e dançado ontem por Paula Penachio e Norton Fantinel.

O programa de sala da SPCD foi entregue na entrada



Yoshi Suzuki no solo de Ballet 101, de Eric Gauthier


“Acho a dança clássica muito envolvente, mas me interessei muito pela última coreografia (Bachiana nº1) principalmente o pas de deux dos bailarinos: sensual sem ser vulgar, além, claro, de ser muito bonito”, pontuou Giselda Penteado Di Guglielmo, 2ª diretora cultural do Paulistano. Já a psicóloga Marcela Ferraretto, disse que cada obra apresentada possui um formato diferente da outra, tornando o espetáculo completo. “Cada coreografia traz uma peculiaridade, uma riqueza de detalhes que engrandecem o espetáculo. Fora a sincronia dos bailarinos, que são perfeitos”, comenta Marcela. “Tem o clássico e o contemporâneo, o que acaba agradando gregos e troianos”, conclui.  

Associados aguardavam o início do espetáculo


Cena de Bachiana nº1, de Rodrigo Pederneiras;
última obra apresentada da noite




Por Bruno Alves, de São Paulo

De Santos para a SPCD





Thamiris em cena de Dois a Dois 
(Grand Pas de Deux de Dom Quixote
Um dos momentos marcantes na vida de um bailarino é a estreia de um grande papel. Afinal, são longos anos de ensaio, dedicação e disciplina para alcançar o resultado almejado. Isso inclui sair da cidade natal para alçar novos voos nas capitais, onde as oportunidades são relativamente maiores.

A bailarina Thamiris Prata, da São Paulo Companhia de Dança e solista da coreografia Dois a Dois (Grand Pas de Deux de Dom Quixote), de Marius Petipa, se apresentará nos próximos dias 9 e 10 de novembro, às 21h, no SESC em Santos, sua cidade natal. “Dançar um grande papel já é muito importante, ainda mais em sua cidade, onde você se apresenta para família, amigos e antigos professores”, conta Thamiris, ansiosa pelo espetáculo. “Dançar o Dom Quixote novamente é um marco em minha carreira, pois foi meu primeiro Grand Pas de Deux, quando eu tinha apenas 15 anos”, relata. “Eu sou bem tranquila. Tem muita gente que vai estar lá para me ver e isso me dá uma ansiedade boa, que não chega a ser nervosismo. As pessoas vão ver que estou trabalhando e eu vou mostrar esse resultado”, orgulha-se.


"O Dom Quixote é um marco em minha carreira, pois foi meu primeiro grand pas de deux", revela a santista Thamiris  | Foto: Marcela Benvegnu
Thamiris era aluna de balé clássico na Escola Municipal de Bailado de Santos. Sua vinda para São Paulo e seu ingresso na SPCD, representou a expansão de seu talento para outras vertentes além da dança clássica. “Minha evolução como bailarina profissional aconteceu na Companhia. Meu corpo era moldado para a dança clássica e aqui, por meio de um trabalho sério e muito focado, aprendi a trabalhá-lo em outras áreas da dança. Hoje posso dizer que sou uma profissional versátil e mais completa”, conclui.

Por Bruno Alves, de São Paulo